segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Aqui, pequena, na vida que se finda
ferida rasgada 
tinto sangue
guarda o meu olhar, verde de mar

sangue que corre.
Luz. Um mar que morre.
Guarda o meu olhar, verde de mar.
Ao longe 

o mar 
gélidas tempestades
o grito anil das andorinhas que partem
levam-me deste pesadelo.

Cessarei na dor. Perderei o pôr do sol.


BRUMAS

Perco o rumo num caminho de trevas 
onde a tua rutilante Luz não vence a escuridão.
Definho.

Teço as horas, devagar. Retorno aos fios do passado na esperança, 
vã 
de cerzir o que se rasgou.
Leio o fio das palavras mas nada se concerta. O Tempo não parou. 
Espero, Penélope paciente, o regresso do eterno amado. 
Perco tudo. Estou velha e gasta. 
O tempo esfuma-se. Eu conto-o, paciente.
Recolhida no Inverno que se eterniza, espero até à morte
sem Argus que me acompanhe ou deuses que me norteiem. 
Abraça-me o frio e espesso nevoeiro que me traz notícias da morte... estou na fila. 
Definho... Ausente o teu doce afecto na solidão agonizante.