Houve outrora um Tempo
sem tempo em que corremos,
abraçamos felizes as estrelas
e delas enchi as mãos e o coração.
Outrora fui estrela, pulsante, refulgente
lembras-te?
Dois aguçados gumes trespassam agora a minha alma
grito de dor e atravessam-me, vagarosamente, neste tempo com tempo
grito
grito
grito
e tu não me escutas.
Segredas-me que outrora,
na alvorada das estrelas,
corremos muito longe, olhos fechados.
Vivíamos e amávamos, olhos nos olhos,
longe, longe,
sem tempo.
Mas não escutas já
o bramido da minha dor.
Olvidaste-me no lastro remoto do Tempo.
Outrora num Tempo sem tempo,
não cerrada ainda neste excruciante corpo,
voei translúcida, sem asas e sem medo.
Memórias cristalinas
longe, longe.
Sem energia, sem rasgo e vigor
sem sombra sequer, rastejo
grito
grito
grito
a lancinante
dor que me atravessa e rasga
submersa no caos e na lodacenta escuridão da noite.
Outrora fui estrela e corri sem medo.
Outrora sabias de mim.
Outrora num tempo sem sonho,
livre, alva e sem dor, Amei.
Na dor abandono-me e entre lágrimas confundo-te,
livre, fulgurante e dançando diante de mim
há muito tempo, tanto tempo
longe.
Silencio-me na dor.
Subscrever:
Mensagens (Atom)