segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ARVOREAR


Corro e percorro-te,
sufoca-me como punhais,
o gélido da noite.
Impele-me o vento
floresta adentro.

Vestes perdidas,
descalça, no castanho
que se entranha
num chão de folhas
em tapete tecido, escuto.

Distante um nome de terra,
esquecido.
Apelo que vocifera e explode no peito,
coração que já não bate,
dispersado, dissipado,
diluído, no rio que me flui.

Abrem-se as entranhas da terra,
largos veios à minha passagem,
longos os dedos em raízes tornados.
Um sopro sufocado, o ar que me abraça,
oferenda-me a Luz
que é meu alimento.
Ramos de braços feitos,
prolongam-se e beijam a Lua
as estrelas dançam-me segredos de vento.
Dialectos de folhas murmuram-se,
em meu redor.

Evoco tudo isto,
Acedo ao que já fui.
Amanhã, virei fazer um ninho em meus ramos.
Sou quase eterna!

(Sentir e Ser - 2011)

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